terça-feira, 24 de junho de 2008

Minha Secreta Morada



De onde eu moro, posso ver várias estradas, várias moradas, vários amores.
De onde eu moro, posso ver minha estrada, aquela sem fim, que se chama ora esperança, ora sonhar.
De onde eu moro...
Ahhh, se vocês pudessem saber e ver tudo que eu posso, morando por aqui. O mundo não teria tanta graça, eu não me sentiria tão surpreendente para os outros. Se alguém morasse onde eu moro, mais pessoas saberiam dos meus segredos, dos meus medos... E aí, o mundo não teria tanta graça.
O que faz a graça do Mundo, é morar aonde eu moro. Onde ninguém pode chegar, vir ou ir, o MEU refúgio, o meu lar.

Eu moro em uma ilha e nela não existe limites para sonhar, dar gargalhadas e chorar de alegria.
Aqui quase tudo faz sentindo, as imperfeições, as perfeições, as dúvidas, os receios... Só não vale acabar com encanto. Este que me mantêm vivo e bem refugiado, no lugar em que eu moro.

sábado, 21 de junho de 2008

Biológico interferindo no psicológico, ou seria o contrário: psicológico interferindo no biológico


A costumeira "dor de barriga". Ela que sempre se apresenta na vida de L., nos momentos de insegurança. Será que tinha alguma coisa ligada, entre seu psicológico e o seu biológico. Teria alguma explicação científica para a insegurança, ligada a dorsinha na barriga. Era de praxe, L. se deparava com alguma circunstância que não tinha muito domínio, e logo lhe dava aquele medo no seu vazio.
Sabia que às vezes, a "mão gelada" tinha sinal de nervosismo, insegurança. Mas isso que costumava ter, nunca ouvira falar nada a respeito.
Uma vez, quando já estava cansado de ficar com uma menina que morava perto de sua casa, resolvera "desaparecer" ao em vez de enfrentar a situação. Toda vez que pensava em contar para ela, que não sentia o mesmo que sentia do começo da relação, ele tinha aquela incomoda dor de barriga.

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Apaguem a luz, quero refugiar no meu escuro.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Conhecer a si mesmo, ou o outro?


L. estava estudando filosofia, quando leu em seu xerox a frase: "Conheça-te a ti mesmo". Já havia ouvido esta frase antes em um livro de uma filósofa, mas agora ele realmente precisava compreender o que Sócrates queria dizer sobre o auto-conhecimento, já que teria de fazer a prova no dia seguinte.
"... Portanto, segundo Sócrates, o homem deveria conhecer-se primeiro para depois tentar compreender todas as outras coisas".
L. ficara confuso, já não bastava ter de compreender a si mesmo, depois ainda "deveria" tentar compreender o resto? O resto que é tão vasto!
L. ficou desanimado.

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... Mas tentar compreender o outro, não seria uma forma de procurar entender a si mesmo? Não seria um processo inverso?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Um silêncio pela Arte

Preciso de Luz. Alguém pode acender uma vela fazendo favor? Obrigado. Agora está mais claro. Consigo ver um pouco mais, ainda com uma certa deficiência, pelo fato da luz ainda ser precária. Mas já está bom. Meu nome é P. . Estou procurando uns personagens, vocês viram algum deles por aí?


É sério, porque o silêncio? É o seguinte, eles fugiram da minha cabeça, não sei muito bem como tudo aconteceu, mas quando vi... Eles já tinham ido. E eu fiquei preocupado com eles, alguém pode me informar se viu algum?


Eu não estou de brincadeira. Preciso de uma resposta, preciso de um norte. Eu estava com uma idéia tão boa para eles, um enredo fabuloso e... Eles se foram. Me deixaram. Abandonado!

Procura-se personagens e não são os de Pirandello! HUMPF (Uma onomatopeia)

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É preciso um pouco de sabedoria no meio de toda essa ignorância.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Plantaram em mim, uma sementinha...


Um sonho que a cada dia se torna mais intenso. Não parava para pensar nas impossibilidades, para quê pensar nas dificuldades, as pedras que encontrará pelo caminho? L. achava desnecessário tudo isso. O importante mesmo, era confiar em si mesmo e isso ele já estava aprendendo.
Se dedicava no trabalho, procurava se reciclar, sempre estar bem informado. Bem vindo ao mundo globalizado. Aonde você precisa estar atualizado a cada dado momento, para não ser taxado de "desinformado".
No meio desse sonho, que para L., parecia real... Muita coisa acontece. Muitas pessoas aparecem, pessoas passageiras, dessas que somem da mesma forma que apareceram, meio "do nada". E o que é o nada? Este, da onde as pessoas surgiram? Seria a vida real ao meu ver, mas L. não compreende isso muito bem e às vezes sente a falta de um ou outro que passa rápido por sua vida. L. se apega.

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Terminei ontem de fazer uma Oficina de Interpretação voltada para televisão com o diretor Miguel Rodrigues. Ele trabalha na globo, e por esses oito dias que estive aprendendo com ele, achei que ele é um profissional bem copetente. Aprendi muito e valeu muito a pena, o dinheiro pago, o tempo gasto... Tudo, tudo, tudo. No final das contas: NÃO TEM PREÇO. Até parece propaganda de cartão de crédito.
Mas às vezes as coisas são assim mesmo, principalmente estas que trarão com certeza uma repercussão para o resto da vida. As coisas que aprendi nesta oficina, me acrescentaram muito como pessoas e como ator.
Não posso deixar de falar na Gabriela Linhares, atriz e diretora, que esteve com a gente no último dia de Oficina, fazendo um excelente feed back (acho que posso dizer assim). Chegou bem carismática, falou sobre a diferença da interpretação do teatro para televisão, abordou a ética, a sexualidade, o "se conhecer melhor". Fez um fechamento legal e acredito eu, plantou muitas sementinhas em todos que ali estavam assistindo a palestra.
E se Deus quiser, essas sementinhas trarão bons frutos.

sábado, 7 de junho de 2008

No andar da bicicleta...



L. tinha o costume de andar de bicicleta todas as manhãs. Morava em Cherry Hill, NJ, e só evitava de caminhar no inverno devido a neve e o frio. Aquilo fazia bem para saúde e bem para mente. Era o SEU momento, onde andava distraído pelas ruas de sua cidade, pensando em tudo, pensando em nada. Era por hobby e costume.
Aprendera a andar de bicicleta ainda criança, seu pai o levava para passear e saia os dois, andando pelo condomínio aonde morava.
Agora mais velho, quando sai com sua bicicleta para fazer sua caminhada rotineira, ele tem a lembrança nostálgica de um passado já distante.

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Sabe, eu às vezes sinto até vergonha, mas nunca aprendi a andar de bicicleta. Meu pai sempre teve um instinto protetor, sempre neurótico com machucados e roxos e eu, muito branquinho, qualquer esbarrão ficava marcado.
Tive tentativas frustradas de tentar aprender a andar de bicicleta, meu equilíbrio é zero e lá pelos oito/dez anos, eu muito desengonçado, fui vencido pela falta de jeito e desinteresse.
A minha mãe bem que tentou me ensinar. Ela, criada na roça, era uma menina moleque que brincava de bicicleta, "carrin de roleman" (nem sei como escreve). Mas os super cuidados do meu pai, sempre prevaleceram.
Quem sabe um dia, eu, tomado por uma força maior, invente de aprender a andar de bicicleta depois de "crescido".

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Uma Vida Inventada


Terminei de ler o livro Uma Vida Inventada da Maitê Proença. Eu adorei o livro. Tem duas narrações, uma em primeira pessoa, outra em terceira.
Em entrevista, Maitê Proença fala que fez uma brincadeira de esconde e revela no livro, contando casos de sua vida misturados com ficção. Então nunca se sabe o que é verdade ou não naquele livro e se tratando de Maitê, às vezes os casos mais esdrúxulos são os reais.
Ela conta sobre o assassinato de sua mãe pelo seu pai, o suícidio de seu pai, suas viagens, amores e estudos. Tudo com uma pitada de imaginação e ficção.

"Apesar de tristes são bonitas as mentiras que as pessoas criam para seguir. Um sopro de glória, uma pitada de grandeza, um toque de graça, qualquer coisa vale, que eleve a mediocridade a patamares mais aceitáveis... Dizem os estudiosos que ninguém conseguiria viver um dia sequer sem a mentira. é um recurso para o uso social sem o qual o vizinho não nos agüentaria, e ainda serve para colorir a existência acrescentando-lhe sentido e beleza..."

Achei muito legal e interessante a maneira como ela tesce uma linha tênue nas narrações primeira e terceira pessoa. Uma mesma vida, contada ora com um certo distânciamento dos fatos, ora vivenciando e desabafando tudo que lhe acontecia.

"Então, a menina e a escritora se reconheceram. Inequivocamente...
E abraçaram-se no final feliz."
Maitê Proença

ps. Meu livro ainda foi autografado pela autora na Bienal do Livro de Belo Horizonte.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Exigência pessoal

(escurecendo)

L. saira do trabalho satisfeito com seu rendimento. Há dias estava envolvido em umas petições, mas sentia uma certa dificuldade devida a falta de experiências naqueles últimos casos.
Chegara a desconfiar da sua capacidade como profissional, sentia como se fizesse tudo errado...

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Fazer tudo errado. Sou por natureza, muito exigente comigo. Erros quase sempre são inaceitáveis e há uma cobrança pesando pelo lado da melhora pessoal.
Eu sinto que isso me faz muito mal, já melhorei bastante, mas quando faço algo que julgo ser errado, eu fico horas depois pensando: Porque você foi abrir a boca justo naquela hora? Tinha necessidade de ter feito aquilo? Porque você não virou para ela e falou isso, isso e isso, ao em vez de ter bancado o idiota?
Fico "matutano" horas. A busca em ser uma pessoa melhor às vezes comigo funciona de forma muito radical. Quase sempre saio insatisfeito de algumas (poucas) discussões que tenho, sempre acho que devia ter falado mais verdades, dado mais minha opinião.
Uma cobrança muito grande que eu mesmo, tem hora, viro para mim e falo: Acalme Filipe, passou passou, não tem mais jeito. Errou, agora esquece.
E essa conversa comigo mesmo me fez melhorar quanto a essa exigência pessoal.
Graças a Deus!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Capaz ou não, o jeito é?

(um momento qualquer)

L. descobrira dificuldades que não imaginava ter. Dificuldades que resultaram de algumas circunstâncias novas. Uma falta de aptidão, uma dificuldade... Talvez ele não sirva mesmo para isso ou!
Para L. não interessava as dificuldades e sim os erros, por eles é que aprenderia a ser melhor. Dedicar, dedicar, dedicar. É preciso uma grande força de vontade para mostrar que pode ser muito mais do que já é e isso... L. já tem!!!

domingo, 1 de junho de 2008

Faxina: Limpeza geral!

(de manhã)

Teve uma má impressão ao se ver no vídeo. L. sentia uma vulnerabilidade que ninguém mais conseguiria entender. Seus defeitos ali expostos, o deixava inseguro. Sabia que as pessoas poderiam não enteder direito, mas sua imagem ali na tela... era estranho, ridículo.

(lá pelas tantas)

Há dias aquele quarto estava caótico. Precisava ser organizado. As gavetas pediam por uma faxina e L. até então, ignorava o pedido. Movido pela força maior, seu grande pecado capital (preguiça), preferia não ouvir as lamúrias daquele lixo todo guardado nas gavetas. O desnecessário parecia importante o sufiente para permanecer ali guardado.
Com uma disposição quase espiritual, daquelas que uma entidade da "limpeza" tomara conta do seu corpo , pôs-se a tirar uma gaveta de cada vez e analisar bem o que deveria ir para o lixo e o que ainda era desnecessariamente importante. L. não era apegado com suas coisas, era realmente a preguiça, a displicência, que fazia com que tudo aquilo ficasse de lado e guardado.
Nas gavetas, memórias. Papéis e mais papéis, recados, esboços, idéias... Cartas que até então não foram entregadas por vergonha ou por falta de tempo, haviam perdido seus sentidos.
Fotos (paisagens, pessoas, emoção). Uma série de recordações. Livros, revistas, tudo aquilo que aguardava ansiosamente por aquele desleixado, necessitavam de um ar diferente, mudar de posição, irem para o lixo.
L. gostava de mudanças. Resolvera, depois de tirar o desnecessário, que iria inverter a ordem das gavetas na cómoda e aqueles ursinhos de pelúcia (retrato de um passado não tão distante), mudariam de porta no guarda-roupa e ficariam dispostos um do lado do outro, de forma bem simpática e se alguém abrisse a porta os veriam sem muita dificuldade.
Achara escritos antigos e ao som de "Seduzir", de Djavan, lia-os emocionado...

" Vou andar, vou voar para ver o mundo. Nem que eu bebesse o mar encheria o que eu tenho no fundo."

Depois daquela faxina, as gavetas estavam mais cheias do nada e de tudo mais que aquilo ali representava.